""PRAS PEDRAS QUE SOMOS
No puerpério as rochas latiam
E o beiço do mundo salivava o que rio
Espécies de lendas abrigavam fendas que, mais tarde, aturdiriam o homem
Some, bem no início, a própria vida
Restam escombros
E até bichos mansos:
O pulso no cio
Existe ritmo para além do corpo?
Que ritmo abriga uma taquicardia?
Distraem-se com palavras enquanto bombas são fabricadas
Enquanto isso, palavras extinguem das bombas supracitadas
A arma: uma faca
Levando aos pés
A palavra vital
Afinal
A grande crise do verbo
é desempregá-lo
Do passado
Existe um humor em minha profundidade
Que não sei se sou capaz
De rir
FULGOR FULGOR FULGOR
Perder as rédeas tendo em vista que cavalos têm patas
Confiar nas patas do cavalo
Ascos e cascos reiteram
Feridas
Já feridas
é um pacto rudimentar que não se adia:
Saúdar, impassivo, uma doença por dia
Há virulência ao amar: controvérsia que se adia
Estreitos signos
Pras pedras que somos / rompe-se o papel / ouve-se a música / arrombem-se os cartéis do pensamento.""