Pelas gaiteiras do mangue / Uma festa / uma fresta / uma gangue / Um suco vermelho / de tang / Duas bolsas penduradas / Uma com vento / outra com nada / Guardando o tempo da lama / Puxando os pés para dentro / Se saio do mangue eu choro / Se fico me alimento / Se corro não consigo Me segurar / a tempo / O mangue / é meu templo / Minha igrejinha / meu altar / Minha procissão / meu folguedo / Minhas oferendas pro mar / O mangue é tudo isso que sei / E o que sei não se pode comprar / Não se pode vender / Não se pode roubar / Digo sem falar / Grito sem gemer / Dentro do mangue / Viro mangue / E ninguém pode me ver.