Guardo, o lencinho branco,
Que te ofertei, bordado de ternura,
Aos olhos teus, foi quase nada,
Memória apagada, num gesto de adeus,
Tal, como aqui deixaste,
Quando a sorrir,
Tu me abandonaste,
Há de ficar, com a lembrança,
E a vã esperança,
De ver-te voltar,
Num lenço de seda, suspiros guardei,
Num lenço de seda, meu pranto enxuguei,
Num lenço de seda, meu drama escrevi,
Num lenço de seda, o amor que eu perdi.
Um simples lencinho, comigo viveu,
Um simples lencinho, comigo sofreu,
Um simples lencinho, guardou tanta dor,
E guarda o carinho, do meu grande amor.
Ele foi, ele há de ser,
Companheiro da paixão,
Quantas vezes a tremer,
Eu o aperto ao coração.
Bordado tem, o nome teu,
Nome que é mesmo, o único bem,
Deito há chorar, juro por Deus,
Julgo beijar os lábios teus.
A, tarde estava triste,
Quando a sorrir,
Sem perceber partiste,
Sem perceber, como eu chorava,
O lenço apertava, querendo esconder,
Não, nem por um momento,
Viste o horror,
Do meu padecimento,
Ai, meu temor, ai, meu segredo,
O lenço em meus dedos, crispados de dor.