Esta casa onde moro
Tem janelas transparentes
Delas eu olho pra longe
Vejo cores, vejo gentes
Da varanda brotam flores
Pela porta entra o mar
Entra o cheiro da laranja
Acabada de apanhar
Nas paredes de cal branca
De alvura sem igual
Escrevo contos sem palavras
Dedo embebido em sal
No meu chão ganho raízes
Que me levam até ti
As raízes que são asas
Como Fénix, renasci
Nesta casa sem telhado
Entra quem me quiser bem
Entra o calor do meio dia
E a noite, quando vem.
Nesta casa tão pequena
Com um pátio encarnado
Há canteiros, filigranas
Um tapete bem bordado
Nestes muros escorre a seiva
Que alimenta a tua flor
Esta terra semeaste
Com a luz do teu amor.