Nunca mais desfaço
Esta roda, este embaraço
Que me faz marcar o passo
E me ata neste laço
Só com ferro, fogo e aço
Eu desincho tanto inchaço
Que me adoça com melaço
Em tão belo e fino traço.
Só por mero acaso
Por descuido ou por atraso
É que eu daqui não bazo
P'ra ser terra noutro vaso
Esta cena é sado-maso
E ficou fora de prazo
Se eu soubesse o que sei hoje
Bem que tinha feito caso
Ai se eu soubesse, o que hoje sei
Talvez ganhasse
Mais sensatez
Mas se eu soubesse, o que hoje sei
Agarrava o momento
Num abraço eterno
Não fosse o tempo,
O tempo desaparecer
É preciso tacto
Ou ter um talento nato
P'ra mudar o velho facto
Do não ato nem desato
Mas por sempre ter bom trato
Eu lá vou enchendo o prato
Só não sei como fiquei
A sorrir para o retrato
Morro e renasço
Passo a passo
E dou mais um pedaço
Dos mil cacos de cansaço
Mas não vergo ao fracasso
Não sou fruto do acaso
Qualquer acaso...
Ai se eu soubesse, o que hoje sei...
Terra noutro vaso
Mero acaso
Ferro, fogo e aço
Embaraço