As noites calmas
Os dias leves
Manhãs brancas
Tardes suaves
Sem o brilho
Da tua presença
Minha alma faz greve
Greve sim
O canto grave dos pássaros
Suave e leve
Como o meu sonho de ícaro
Traz o perfume da tua pele
No tic-tac das horas breves
O tempo passa
Nas rodas dos carros
Na fumaça das fábricas
E cigarros
No olhar do velho na praça
Entre lembranças
E pigarros
Na fábula da formiga
E da cigarra
Tua mão amiga
Que agarra a esperança
E ao tempo não dá tréguas
A distância dessas léguas
Acelera a saudade
Do pensamento que navega
Não vejo o sol da primavera
Não vejo o brilho do farol
Da costeira
Só me resta este olhar
Morto de solidão
E no peito o gosto amargo
De segunda-feira
E no lenço o gosto amargo
De segunda-feira