Meu amor
De ti somente um nome sei, Amor,
É pouco, é muito pouco e é bastante
Para que esta paixão doida e constante
Dia após dia cresça com vigor!
Como de um sonho vago e sem fervor
Nasce assim uma paixão tão inquietante!
Meu doido coração triste e amante
Como tu buscas o ideal na dor!
Isto era só quimera, fantasia,
Mágoa de sonho que se esvai num dia,
Perfume leve dum rosal do céu
Paixão ardente, louca isto é agora,
Vulcão que vai crescendo hora por hora
Ó meu amor, que imenso amor o meu!
Florbela Espanca (1915-1917), in Trocando Olhares