Restauro de eus.
Giro e gira, gira e giro,
Desordem, fragmentos espalhados,
Eus disponíveis ao ser ou será.
Estou pedaço-a-pedaço,
Justaposto numa construção possível. Eus nas prateleiras.
Vago pela memória, tomado pelo desejo, sem preferencial,
Acometido por lampejo de solidão. Acordem eus meus!
Preciso reinventar.
Passa um, passa dois, três... três, três passará, o derradeiro há de ficar... Se não for o derradeiro outro há de ficar... três, três passará, três, três passará...
De olho em olho vejo meus eus expostos. Outdoor nos olhares presos nos muros, nos chãos. Estou pedaço, rasgado papelão, quebrado galho, sobejo, poeira voando...
Eus balançam pendurado nos fios, caem a pingos, rolam e entulham na sarjeta...
Posso não existir, se não existir for fato. Se não existo posso desejar eu de qualquer jeito: esparramado, absorto, entrando e saindo pelos sonhos, arregalado e mesmo escrito para ?eu? imaginar.
Então passo, passarás e o derradeiro de terceiro há de ficar.