A TERRA TREME
De: Luciano Alves
A terra treme, o mar avança
O céu desaba, e a gente não se cansa
Suculentamente bela, desumano malévolo desejo
Enfeitiça e dilacera
Já não encontro argumento
Nem adiantam juramentos
Como haveremos de nos redimir?
O canto da sereia e o faquir
Já não me reconheço nos seus passos
Embora me aqueça nos seus braços
A cada novo dia escapamos por um triz
Tentando ver a flor sem regar a raiz
Ah, essa urgência do tempo
Tanta energia gasta com lamentos
Tua silhueta, Desdêmona a sorrir
Te vejo e não desisto mais de mim
E se o futuro a Deus pertence
O que nos resta é o presente
Mas se tudo que temos nos é tão pequeno
O que foi que nós fizemos?
Os sonhos ainda vivos
Mas a estação da muda indica outro retiro
Temos toda razão, mas a razão também engana
A verdade é tão palpável quanto à luz que o sol emana
Oh, insistência do vento
Mudando a direção dos nossos pensamentos
Quando haveremos de nos permitir
Juntar o que se faz ao que se diz?