VESPERTINOS
De: Luciano Alves
Há tanto de nós dois neste quarto
No meu olfato, nos meus relatos da vida
Suspenso atrás da porta, colado na geladeira
No cheiro do travesseiro
No jogo de tabuleiro
Naquele mês de fevereiro
Há tanto de nós dois pelo caminho, itinerantes, vespertinos
Nos lençóis nas manhãs de domingo
Crônicas de Zimmerman, cartas de Magdalena Carmen
Tudo assim entrelaçado
Sempre dividido o fardo
Hoje tudo questionado
Tão sem cerimônia, tão correto e tão perverso
Teu sorriso perpétuo, pose de xícara
Sonho de Ícaro que se derreteu
Tanta riqueza solta, espalhada em cada canto
Tantos planos descartados
Afogados pelo pranto
Distorcido desencanto
Há tanto de nós dois neste quarto...