26 anos de idade
E não atingi metade
Daquilo que idealizava
Com metade da idade
Julgava ter um talento
E talvez até o tenha
A escrever desde os meus 8
Miúdo escrevia poemas
Nem sabia que era algo
Que já tinha ali o bichinho
Era novo pra pensar
Que estava a escrever caminho
Mas caminho para quê
Se já tanto eu escrevi
Será tudo à mercê
Pois nada eu consegui
São pra aí 200 letras
Pensadas como canções
Nem sequer uma lançada
Nem deram para refrões
Se ninguém acreditou
Talvez eu devesse desistir
Até porque já são 26
E sem nada conseguir
26 anos de idade
E não atingi metade
Daquilo que idealizava
Com metade da idade
Para quê tentar
Um futuro melhor
Sonhar alto demais
Só pra queda ser maior
Lunático e sonhador
Eu tenho que aceitar
Que já não sou nenhum miúdo
Talvez já chegue de sonhar
Aquele miúdo adolescente
Com tão baixa auto-estima
Apenas se manteve forte
Pois tinha esperança na rima
Mas a rima não chegou,
Pra atingir o que ele queria
Desculpa Simões mais novo
Era tudo o que tu mais querias
Escrevias tanto e tão bem
A caneta tinha vida
Mas a vida envelheceu
E a esperança quase perdida
26 anos de idade
E não atingi metade
Daquilo que idealizava
Com metade da idade
Idealizavas grandes palcos
Mas nem sequer um pisaste
Pensavas que conseguias
Mas nem uma música lançaste
Ponho culpas no dinheiro
Mas culpa é toda minha
Tanta prioridade errada
Erros 30 por uma linha
Uma linha em ângulo morto
Numa queda abismal
A caneta perde cor
Talvez seja um sinal
Pra eu parar por aqui
Talvez já chegue de tentar
De desistir de um sonho
Na vida adulta me focar
Mas isto dói demasiado
Lágrimas a escorrer
Um miúdo sonhador
Virou adulto a sofrer
Um sonho a ser destruído
Era o único a acreditar
Mas isso para mim chegava
Nunca chegou pa triunfar
Mais uma letra pró lixo
A história devo acabar
Devo pousar a caneta
E este capítulo encerrar
Não sei como ainda acredito
Uma ilusão na minha mente
Uma réstia de esperança
De um milagre de repente
É difícil continuar
Há tanta merda para trás
Que numa folha vai ficar
Talvez fique por aqui,
E veja o sonho a morrer
Final triste anunciado
Se esta for a última letra a escrever
Eu achava que conseguia
Na verdade talvez não
Mas não vou desistir
Não deito a toalha ao chão
Tanta coisa que escrevi
Não pode ter sido em vão
Só preciso de uma caneta
Pensamentos e inspiração
Cada letra é sentida
Sangue quente nesta mão
Palavras são sentimento
Versos são emoção
Este sonho dura anos
Não é uma mera ilusão
Vou lutar até ao fim
E criar revolução
Eu vou criar revolução