O trem que leva Minas tem fogo na caldeira
Fumaça no cangote, tem lenha na fogueira
Tem gosto de ferrugem, têm cheiro de ciranda
De moças na janela por todas quinze bandas
Sonhar não tem limites, nem placas ?proibido?
Lá vai o trem mineiro audaz e atrevido
Se não vale do aço, vale do rio doce,
Como se a vida fosse
Um viajar...
E saiu de Itabira, passou em Antônio Dias
Drummond e Nova Era na era da alegria
Na barra de Ipatinga, Acesita e Coronel,
Lá vai o trem de Minas fumaça pelo céu
O trem parou de novo, tenho Três Corações
O de Belo Oriente, outro de Cachueirões
O outro representa, o topo da montanha
Onde o olho arranha os chapadões...
Lá vai o maquinista, passou em Valadares
Lá vai o trem de Minas fumaça pelos ares
Um quê desritmado como o coração da gente
Acorda a realidade, a coisa é diferente
Tão triste a gente fica ao ver o chão de agora
Lá vai o trem mineiro vai por ai a fora
Vai pelo império, lotado de minério
E leva tudo pro exterior...
As coisas do passado tem gosto de saudade
Me lembro de Itabira quando era de verdade
Usando calças verdes, camisas amarelas
As matas e tesouros que eu via da janela
O trem que leva Minas mudou nossa cidade
Levou nosso poeta Carlos Drummond de Andrade
Comprou a nossa alma, usou a nossa calma,
E nós batemos palma, sem saber...