Lídia Jorge Armandinho
Amor, é muito cedo / E tarde uma palavra / A noite uma lembrança / Que não escurece nada / Voltaste, já voltaste /
Já entras como sempre / Abrandas os teus passos / E páras no tapete / Então que uma luz arda / E assim o fogo
aqueça / Os dedos bem unidos / Movidos pela pressa / Amor, é muito cedo / E tarde uma palavra / A noite uma
lembrança / Que não escurece nada / Voltaste, já voltei / Também cheia de pressa / De dar-te, na parede / O beijo
que me peças / Então que a sombra agite / E assim a imagem faça / Os rostos de nós dois / Tocados pela graça. /
Amor, é muito cedo / E tarde uma palavra / A noite uma lembrança / Que não escurece nada / Amor, o que será / Mais
certo que o futuro / Se nele é para habitar / A escolha do mais puro / Já fuma o nosso fumo / Já sobra a nossa manta /
Já veio o nosso sono / Fechar-nos a garganta / Então que os cílios olhem / E assim a casa seja / A árvore do Outono /
Coberta de cereja.