Rosa Lobato Faria N. Nazareth Fernandes
Eu quis um violino no telhado / e uma arara exótica no banho. / Eu quis uma toalha de brocado / e um pavão real do
meu tamanho. / Eu quis todos od cheiros do pecado / e toda a santidade que não tenho. / Eu quis uma pintura aos pés
da cama / infinita de azul e perspectiva. / Eu quis ouvir as Cármina Burana / na hora da orgia prometida. / Eu quis
uma opulência de sultana / e a miséria amarga da mendiga. / Eu quis um viho feito de medronho / de veneno, de
beijos, de suspiros. / Eu quis a morte de viver dum sonho / eu quis a sorte de morrer dum tiro. / Eu quis chorar por ti
durante o sono / eu quis ao acordar fugir conyigo. / Mas tudo o que é excessivo é muito pouco. / Por isso fiquei só,
com o meu corpo.