Sei que oculta ainda vive em algum lugar.
À espera de algo ou alguém
Que a excite a querer regerminar.
Aquarela de fosso fincado
Que me pinta as paredes da vida.
Numa hora, betume e carvão,
Numa outra, água cristalina.
Nessa hora, vermelho paixão
E na outra só falta levar
O vermelho das tripas.
De relance,
Te vejo estampada
Na frente do espelho
Esperando entre-aberta
Na porta de onde eu jamais ousaria entrar.
Desnudo o medo e o pudor
Pra entrar na sua onda.
E, uma vez sendo onda,
Possamos amar,
Chegar além-mar,
Possamos ser mar
E nos desarmar.