O sol desbota as cores
O sol dá cor aos negros
O sol bate nos cheiros
O sol faz se deslocarem as sombras
A chuva cai sobre os telhados
Sobre as telhas
E dá sentido as goteiras
A chuva faz viverem as poças
E os negros recolhem as roupas
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
A música dos brancos é negra
Os brancos são só brancos
Os negros são retintos
Os brancos têm culpa e castigo
Os negros, os santos
Os negros na cozinha
Os brancos na sala
A valsa na camarinha
A salsa na senzala
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
A música dos brancos é negra
Os negros são só negros
Os brancos são troianos
Os negros não são gregos
Os negros não são brancos
Os olhos dos negros são negros
Os olhos dos brancos podem ser negros
Os olhos, os zíperes, os pêlos
Os brancos, os negros e o desejo
Entre crimes e cotas
Possibilidade, invisibilidade
Futebol, craque, escola
Uma chance, uma proposta
Despercebido
Um deslize, um motivo
Pronto grade, castigo
Polícia, sangue, covardes
Quem 'tá comigo esteriotipa os alarmes
Tráfico, samba, o ódio, o drama
A fama, a grana
Púrpura é a cor, escura é a dor
Eu uso as armas de jorge
O sorriso de vencedor
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
A música dos brancos é negra
"De uma maneira geral, nós podemos dizer que todos nós somos descendentes de escravos
E de mercadores de escravos, e de donos de escravos
Nós somos, é é uma herança que toda a humanidade"
Lanço um olhar sobre o Brasil
E não entendo nada