Esta vida é um tranco de baile
Mas quem sabe dançar não se cansa
Todo dia uma nova festança
O gaiteiro não fica de valde
E até que o candeeiro se apague
Vamos em frente afrouxando os aperto
Mas se afrouxar demais arrochemo
É pra tudo ficar mais ou menos
Nesse baile prá tudo tem jeito
Só com a morte que não tem acerto
Nesse baile prá tudo tem jeito
Só com a morte que não tem acerto.
O patrão velho que nunca se cansa
Mal a noite se apaga o noseiro
Vai mandando acender o braseiro
Que clareia e esquenta a bailanta
A indiada acorda e se manda
Já se vai pra mais um fandangaço
Riscam a sala de sola e de taco
E a poeira abaixa e levanta
Dançar de um jeito só não adianta
Porque o gaiteiro muda o compasso
Dançar dum jeito só não adianta
Porque o gaiteiro muda o compasso.
Cada dia um novo fandango
E por mais que o gaiteiro se esforce
Sempre tem quem não dance ou não goste
Só reclama do baile e do tranco
Não enxerga que o tempo passando
Não é o mesmo prá cada parceiro
Se o baile termina primeiro
Pra alguns, outros ficam dançando
Porque a gente nunca se sabe
O patrão vai apagar o candeeiro
Porque a gente nunca se sabe
O patrão vai apagar o candeeiro.
É o patrão que escolhe quem dança
E o capataz é quem cuida da porta
E tim, tim por tim, tim ele anota
Só no fim que se sabe da conta
Quem quiser ficar mais não adianta
É obrigado a ir se retirando
E não pode ir nada levando
Pois quem sai desse baile não volta
E depois que se vai lá prá fora
Só a alma que fica bailando
E depois que se vai lá prá fora
Só a alma que fica bailando.