Idade Média Moderna
Bela, ói que bela
Cidadela de uma nova Idade Média!
Nela se encastela
Uma casta que dá costas à tragédia.
Eis
Uma ilha de tranquilidade.
Uma ilha que ninguém invade.
Uma ilha de paz no oceano
Turbulento da grande cidade.
Sim,
É mais um condomínio fechado
De alto luxo, de todos ilhado,
Isolado, alheado, alienado,
Apartado e apartheid-armado.
Eis a novidade,
Eis a nova: a Idade Média Moderna!
E a velha grade
Da exclusão que aqui entende ser eterna.
Na realidade,
Na real Idade Média moderna,
A sociedade
Não é nada igual, tão livre nem fraterna.
Torre,
Muro alto, guarita,
Portão duplo, controle,
Arma, alarme, sensor;
Guarda,
Fio de arame farpado,
Câmeras, monitores,
Cerca elétrica, medo,
Vigilância, TV...
Um esquema forte
Como um forte,
Como um campo de concentração,
Bunker ou abrigo,
Como domiciliar prisão,
Livre do perigo,
Da rua, da praça, do calçadão,
Livre da cidade,
Dos cidadãos,
Livre enfim da liberdade!