Doer não se Quer (valsa)
Socorro Lira
De que coisa serve
A tristeza, o sofrer
Se não para dizer
Que doer não se quer?
Se alguém o quiser
Deve ser louco e, sendo,
Vai a morte escolhendo
Em lugar de viver
_ Assim não deve ser
_ Assim não deve ser
E se alguém disser
Que prefere escolher
O mau, o maldizer,
A factura da dor
Em lugar do amor?
Por querer ou magia...
Por loucura faria
A escolha pior
_ Que escolha o melhor
_ Que escolha o melhor
Se, por acaso, for
A sorte inevitável,
O pesar imensurável
Invencível será?
Quem escolhe cuidar
- do fazer incansável -
Do saber inefável,
Do amar e adorar...
_ Não, não queira chorar
_ Não, não queira chorar
De gostar e adorar,
Diadorim sabia
E isto o salvaria
Em seu transmutar
Em sua alma sentia
Que nunca poderia...
Decerto não valia
Morrer nem matar
_ É do amor cuidar
_ É do amor cuidar
Pois, matar sem matar
é tornar indizível,
é volver invisível,
é falar sem falar!
Ou se, por outra, gritar
Pelos ermos mais ermos,
Os princípios, os termos
Do maior desejar...
_ Do viver e sonhar
_ Do viver e sonhar
Se de amar eu for
Por vez incompreendida
É se dentro da vida,
Vida eu não achar
Vou fazer o lugar
De pouso e guarida,
A morada erguida
Pro bem viver morar
_ Ávido verdejar
_ Ávido verdejar
Arranjo e violão: Jorge Ribbas
Cordas: Quinteto da Paraíba
Clarinete: Marisa Lui
Piano acústico: Breno Ruiz