E se trocassem os idiomas
Se eu não compreendesse mais uma palavra de você
Se ficassemos perdidos
Como rádios desintonizados
Alienados na confusão
Seria, meu deus, um castigo... (ou não?)
Mas que castigo é esse?
Ninguém sabe o que é castigo!
Como aprender com ele e não virar seu inimigo?
Em nossas línguas devastadas
Sou surdo, não saco nada!
Estrangeiros sem sorte
Rodeados de solidão
Perdemos nossa babel
Quem poderá falar minha língua
Pra que eu não perca a razão?
Mas que castigo é esse?
Ninguém sabe o que é castigo!
Como aprender com ele e não virar seu inimigo? (refrão)
Sem comunicação ninguém vai sobreviver
Alguém precisa comer, alguém precisa beber
Uma nova língua virá
Mais pura, simples e curta
A nossa boca habitar...
E pra quê rezar
Se na cidade fantasma
Ninguém sabe de Deus?
Esqueceram de tudo mais
Já não sabem como é que faz
Apagaram sua memória, sua história
Mas...
Não perderam a fé de viver
Maior e mais forte
Que qualquer divino ser
Nesses homens confusos
Mudos de blá blá blá
Procurando se entender sem trégua
As cegas...
E permanecem
Em sua ignorancia santa
Viviam melhor
Sem ódio ou temor
Outros desejos
E um frescor no coração...
E ninguém compreendeu
Mas também ninguém se deteve
Ainda havia pedras, plantas...
Gente por todo lado
Deram um jeito de conversar
E nomearam outros deuses
Deus chuva, fogo, sol
Novos nomes, novos templos
Antigos rituais...
Podem apagar mil vezes sua cabeça
O comportamento é o mesmo
É mais forte que você...
Mas que castigo é esse?
Ninguém sabe o que é castigo!
Como aprender com ele e não virar seu inimigo? (refrão)